segunda-feira, junho 18, 2012

Uma Partida de Civilization II de 10 Anos

Um dos maiores vícios da minha junventude é o jogo de computador Civilization II. Ganhei ele de Natal da minha avó em 1997, e ainda atualmente o jogo às vezes quando bate uma saudade. O software é, em resumo, um simulador da história mundial, em que o jogador lidera uma civilização do ano de 4.000 A.C. até o ano de 2.000 D.C., e, em sua trajetória, coopera e - principalmente - compete com outras civilizações controladas pelo computador. O vencedor do jogo é a civilização que dominar as demais, seja militarmente (pela conquista mundial), seja tecnologicamente (por ser a pioneira na exploração espacial). Além disso, é possível jogar cenários históricos, que são facilmente encontrados para download na internet, e é o que eu mais aprecio pessoalmente.

Hoje, li na internet que um outro viciado está jogando a mesma partida há 10 anos, e não pretende desistir tão cedo. Segundo o simulador, como seria o mundo no ano 4.000 D.C.? A resposta está no mapa abaixo:



Segundo o jogo, o futuro da humanidade não é nada animador. As características do mundo são as seguintes:

- Três civilizações dominam o mundo, e estão em eterna guerra entre si. Uma, a do jogador humano, é uma ditadura comunista. As demais, controladas por inteligência artificial, são teologias fundamentalistas. A guerra permanente inviabilizou governos mais abertos.

- As armas nucleares provocaram o derretimento das calotas polares, transformando o mundo em um grande pântano (com excessão das áreas montanhosas). A agricultura se tornou impraticável, 90% da população mundial morreu de fome, e as grandes cidades viraram coisa do passado.

- Toda a produção das cidades é voltada à guerra e à construção de estradas para as tropas passarem. Nenhuma melhoria de infra-estrutura é viável.

Contudo, para não deixar o post fatalista, faço duas observações pertinentes, relacionadas ao realismo do jogo.

Em primeiro lugar, no Civilization II original, tal como eu ganhei em 1997, a ênfase da competição entre as civilizações era o domínio tecnológico. As partidas eram mais pacíficas, e os protagonistas mais cooperavam   (via trocas de pesquisas, alianças, etc.) do que se enfrentavam em guerra. Na década seguinte, no entanto, os desenvolvedores do jogo criaram uma versão tida como mais "emocionante", em que a inteligência artificial do simulador se tornou extremamente hostil e belicosa. Tão logo atingem a Revolução Industrial, as civilizações controladas pelo computador tendem a adotar regimes fundamentalistas e atacar todos os demais adversários. Essa é a única versão do jogo compatível com Windows Vista e Windows 7, e a jogo desde 2007.

Em segundo lugar, o Civilization II se baseia no princípio que o "motor do desenvolvimento" é o crescimento populacional. Conforme a população de uma civilização cresce, ela aumenta a produção, cria trabalhadores, faz obras de infra-estrutura e pesquisa tecnologia de modo a aumentar a produtividade. Segue mais ou menos uma lógica marxista: o trabalho humano é o único fator de produção. E isso vale durante o jogo inteiro, com uma aceleração brusca da produtividade quando a população atinge a industrialização. Por isso, para uma civilização crescer, é necessária a contínua conquista de novas terras para a construção de novas cidades e a ocupação do solo para atividades agrícolas. Se o algoritmo do jogo fosse aberto para outros fatores de produção, como a acumulação de capital privado, o capital humano e o desenvolvimento endógeno de tecnologia, o resultado poderia ser bem diferente.

PS 1: Observo que na macroeconomia moderna, o modelo unificado de crescimento de Galor admite que a importância dos fatores de produção para o desenvolvimento das economias varia de acordo com o tamanho do produto. Assim, em sociedades primitivas, o crescimento populacional de fato é o motor do crescimento econômico. Contudo, quando o produto atinge um determinado patamar, o processo de acumulação de capital baseado em poupança e investimento assume o seu lugar, e, mais para a frente, o desenvolvimento tecnológico e a sua incorporação pelas pessoas se tornam mais relevantes. Por isso, o jogo pode ser resumido a uma simulação sobre o que aconteceria se bárbaros tivessem armas modernas.

PS 2: Durante um tempo, tentei jogar o Civilization Call to Power, uma continuação da série, que inclui aspectos mais complexos do desenvolvimento das sociedades. Mas achei tão complexo que ficou chato.


Um comentário:

Anônimo disse...

boa análise do jogo! acredito que o civ 2 é perfeito! ahahhahha, mto realista, e sim é neessário um ceto grau de população no jogo, mas uma civilização com tecnologia avançada, destroi facilmente uma outra rudimentar, mesmo que com baixíssima poulação comparada.