quinta-feira, abril 10, 2008

Encontro Internacional de Economia Keynesiana na Unicamp

Com muita satisfação, informo que meu trabalho para a disciplina Tópicos Especiais em Econometria - Dados em Painel, "Crescimento Econômico e Restrições na Balança de Pagamentos - Estimação do Modelo de Thirlwall para a América Latina e Caribe utilizando Técnicas para Dados em Painel" foi aceito para o Encontro Internacional de Economia Keynesiana, a ser realizado em Campinas, na semana que vem.

Basicamente, meu trabalho consiste em uma parte bibliográfica, e uma parte empírica. Na revisão bibliográfica, abordo interpretações de autores de diferentes linhas de pensamento sobre o papel do setor externo na macroeconomia dos países latino-americanos, englobando o período da Substituição de Importações, a década de 80, o Consenso de Washington e suas principais críticas. Por questões pessoais, escolhi as críticas ao Consenso de Washington realizadas por autores mais moderados metodologicamente.

Na parte empírica do trabalho, desenvolvi o modelo de Thirlwall, tal como no artigo de 1994 de Anthony Thirlwall e John Mc Combie. Em seguida, estimei o modelo cruzando dados de três fontes distintas (FMI, ONU e CEPAL), utilizando três modelos econométricos alternativos (POLS, Primeira Diferenciação e Efeitos Fixos). O POLS (pooled ordinary linear squares), ou Mínimos Quadrados Empilhados, em resumo, lida com o painel considerando cada indivíduo (país, no caso do meu trabalho) em cada ponto no tempo como uma observação distinta. Os dois outros modelos apresentam técnicas mais refinadas para controlar os fatores individuais ao longo do tempo, seja considerando apenas as variações temporais (Primeira Diferenciação), seja controlando pelo comportamento médio dos parâmetros de cada indivíduo (Efeitos Fixos). Além disso, minha base de dados foi bastante grande, incluindo todas as nações independentes da América Latina e do Caribe para o período de 1980 até 2005, com as exceções de Cuba e Barbados (sem dados disponíveis), e de S. Vicente e Granadinas, Haiti, Suriname e Granada (com evidentes erros de mensuração).

Consegui conclusões muito interessantes no trabalho. Os dois modelos mais refinados apresentaram uma ajuste aos dados mais favorável do que o POLS, mais utilizado pela bibliografia sobre o modelo de Thirlwall. A taxa de crescimento média compatível com equilíbrio comercial na região é de aproximadamente 3% ao ano. A abertura econômica nos anos 90 não levou a um aumento na propensão a importar nos países, mas sim a propensão a exportar, ao contrário do que muitos autores temiam. Contudo, as importações seguiram uma trajetória crescente de maneira autônoma ao longo do período estudado para a região como um todo.

Uma primeira crítica ao meu trabalho já foi realizada (ou antecipada) por um professor do Cedeplar, em aula. O modelo de Thirlwall, apesar de prever crescimento econômico puxado pela demanda (mais especificamente, demanda externa por exportações), assume que a moeda é neutra no longo prazo. Isso afasta essa teoria da corrente pós-keynesiana e a aproxima de um certo "neokaldorianismo", mais próxima da síntese neoclássica (ou velhos keynesianos).

Mas não me preocupo em nada com esse tipo de crítica. Meu objetivo acadêmico é apenas tentar compreender e explicar o mundo, além de fazer trabalhos empíricos, e não tentar me encaixar em alguma determinada escola de pensamento.

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