quinta-feira, setembro 21, 2006

Debate acerca do Currículo do Curso de Economia da UFRGS

O presente texto se baseia em dois fatos empíricos:

FATO 1 - Praticamente 100% dos alunos do curso de Ciências Econômicas não concordam com o atual currículo do curso. Tal opinião é compartilhada tanto pelos alunos que, de uma maneira geral gostaram de ter cursado essa opção acadêmica (como é o caso deste autor), como por aqueles alunos que prefeririam ter escolhido outra coisa no vestibular (destes, é verdade, poucos chegam a se formar, mas sua opinião deve ser igualmente valorizada).

FATO 2 - Ao ser perguntado sobre qual seria a sua idéia de currículo ideal para o curso, cada aluno de Ciências Econômicas da UFRGS tem uma opinião muito particular; é muito difícil encontrar consensos. Alguns gostariam de mais matemática, para melhor competir com os engenheiros no mercado de trabalho; outros gostariam de mais Teoria Macro e Micro; outros prefeririam mais cadeiras de economia aplicada, voltadas para o mercado profissional.

Depois de muitos debates entre alunos de diversos círculos sociais dentro da comunidade acadêmica (bolsistas, membros do diretório estudantil, formandos, calouros, etc.), pude destacar algumas conclusões, isto é, pontos principais de divergência dos alunos em relação ao currículo atualmente vigente:

1- O currículo é demasiadamente rígido. Muitas cadeiras que são obrigatórias poderiam muito bem ser eletivas (tais como Economia Agrícola, Política e Planejamento Econômico), o que melhoraria inclusive a qualidade do ensino dessas aulas, já que apenas os alunos realmente interessados no conteúdo iriam se matricular.

2- As cadeiras introdutórias, dos 3 primeiros semestres, também podiam ser flexibilizadas. Antes de ter uma base quantitativa suficiente para enfrentar a teoria Microeconômica e a Contabilidade Social, os alunos deveriam ter opções de disciplinas para cursar no início do curso. Ser forçado a fazer Introdução a Administração, Instituições de Direito e Metodologia da Ciência, não dá para agüentar mais.

3- As sugestões dadas por diferentes alunos a respeito de melhorias no atual currículo do curso refletem, em primeiro lugar, os seus objetivos particulares no futuro profissional (isso não é uma crítica, é uma constatação). Quem quer fazer mestrado, geralmente acha melhor que o curso de economia se resumisse a uma cadeira de matemática, outra de estatística, outra de teoria micro e outra de teoria macro por semestre. Contudo, um currículo desses seria estupidamente acadêmico, sem qualquer viés profissionalizante, e desfavorável àqueles que não podem / não querem fazer pós-graduação imediatamente após o término do curso. Por outro lado, ter um curso de "Economia Empresarial", voltado apenas para o lado prático da economia deixaria os alunos longe do mundo acadêmico e das perspectivas de fazer mestrado, pois não haveria espaço para a carga teórica exigida pelo exame da ANPEC.

Portanto, a melhor solução encontrada para a compatibilização do currículo do curso de Ciências Econômicas da UFRGS com os interesses dos alunos seria a divisão do curso em ênfases. Nesse caso, fariam parte do currículo básico, comum para todas as ênfases escolhidas pelos estudantes, as cadeiras de base quantitativa (matemática, estatística e econometria), base teórica fundamental (introdução à economia, introdução à contabilidade e contabilidade social), Teoria Microeconômica, Teoria Macroeconômica, Economia Internacional e Economia Brasileira.

Em relação ao resto do curso, os alunos realizariam disciplinas eletivas, agrupadas em ênfases acadêmicas, de acordo com suas preferências profissionais. As três ênfases básicas que são propostas são Economia Empresarial (voltada ao setor privado, com destaque à Economia Industrial, Mercado de Capitais e Administração Financeira), Economia do Setor Público (incluindo cadeiras como Economia Política, Política e Planejamento Econômico, além de Direito Aplicado) e, para aqueles que pretendem realizar a prova da ANPEC e seguir vida acadêmica, uma ênfase em Teoria Econômica, que abrangeria conhecimentos teóricos mais avançados, e abrangendo diversas correntes de pensamento econômico, ortodoxas e heterodoxas.

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